Os animais pensam?Sim...


Estudiosa do autismo a norte americana Temple Grandin, que é autista, diz que a sua forma de ver o mundo pode ajudar a compreender como pensam os animais. Segundo ela os animais e pessoas com autismo têm a mesma forma de ver o mundo e os mesmos mecanismos de "pensamento".



O termo autista provém do grego (autos significa "de si mesmo"). Hoje, o que se sabe é que o autismo é um transtorno definido por disfunções físicas no cérebro, ocorridas antes dos 3 anos de idade, e caracterizado por perda da comunicação, distúrbios nas habilidades físicas e linguísticas, e em dificuldades na interação social.



Como Temple Grandin é autista, ela pode ver através de um ponto de vista muito particular, único na história da ciência. É formada em psicologia em 1976 e desenvolveu vários trabalhos científicos que vêm ajudando pesquisadores do mundo todo a entender melhor o autismo.
Depois de se dedicar a mente humana, Temple se especializou em comportamento animal e mais tarde doutorou-se na mesma área, aperfeiçoando ainda mais o seu trabalho com animais e dando os primeiros passos em direção às atuais descobertas. Suas principais ideias sobre o pensamento dos animais estão defendidas no livro Na língua dos bichos.
Temple projetou um sistema de abate que poupa o gado do estresse e do pânico antes de ser sacrificado. Construído de forma circular e todo coberto, esse sistema é usado por metade dos matadouros dos EUA, pois evita que o gado se assuste com sons e movimentos bruscos vindos de fora e ao mesmo tempo impedem que vejam o que há pela frente.
Segundo ela, um porco evita atravessar um local por ver poças de água com reflexo, pois podem parecer coisas assustadoreas. Para Temple, isso ocorre também com alguns autistas, mais sensíveis a mudanças insignificantes do ambiente onde vivem.
A maneira de processar informações visuais que chegam ao cérebro também serve como comparação entre os animais e pessoas autistas. Pessoas normais veem e ouvem de forma seletiva, como uma “peneira” que filtra o que vai ser realmente compreendido pelo cérebro. Os autistas têm essas partes do cérebro normais , mas não estão totalmente ligadas ao resto do cérebro, não prmitindo essas filtragem. Para ela, o fato de os animais também terem o neocórtex pouco desenvolvido justificaria tal semelhança.
Também existem semelhanças na forma de se relacionar emocionalmente com o mundo. “Emoções como raiva, medo, curiosidade, atracão sexual e laços sociais como a amizade são básicas para ambos, pois tanto animais como autistas têm menor capacidade de associar coisas o tempo todo, o que ajuda a manter os sentimentos mais separados”, dia a pesquisadora. “Ambos têm uma percepção mais amena da dor por conta da possível falta de conexão entre a dor e sentimentos como a preocupação e a ansiedade.”

Foi criado uma polémica entre todos da comunidade académica e cientistas do mundo todo, com oposições aos pontos de vista defendidos por Temple. Em defesa ela diz que tudo está no modo em que as informações são aprendidas pelos não autistas que pensam como linguagem, enquanto os autistas e animais pensam a partir de dados sensoriais brutos.
Todos concordam que seu trabalho tem revelado um vasto conhecimento no que diz respeito ao autismo e a percepção dos animais.
Enquanto não se sabe de fato como os animais pensam, vamos continuar admirando os olhares que parecem que falam com os nossos e aprendendo a se comunicar com esses seres tão especiais que nos ensinam a conhecer a eles e a nós mesmos.

Fonte- Planeta- Junho de 09


Site Dr. Temple Grandin - http://www.grandin.com/

Um comentário:

  1. Adorei este post. Vou procurar ler mais sobre esta autista. Muitíssimo interessante!

    Beijão,

    Adriano

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